ASSOCIAÇÃO DOS INTEGRANTES DO BATALHÃO DE SUEZ
Chama a atenção de quem passa pela rua 24 de Maio, 1321, a entrada com 4 colunas brancas do edifício azul, antiga Caixa Econômica. É a sede carioca dos ex-integrantes da 1ª missão de paz da ONU, com participação brasileira, os "capacetes azuis". Em tempos onde parecem disputar qual genocídio é pior, trago essa lembrança histórica que se materializa neste endereço do #Méier.
.
Na #Palestina de 1956, havia quase 10 anos que Israel fora fundado, apoiado pela #ONU e pelo mandato colonialista britânico, e confrontado pelos vizinhos árabes, que não aceitaram a partilha. A guerra fez os palestinos se refugiarem, sem soberania, na Cisjordânia (Jordânia) e Faixa de Gaza (Egito). Em 55, a Conferência de Bandung elevou a voz dos países "não-alinhados" do 3° Mundo, e o Egito do presidente Gamal Nasser foi um de seus principais porta-vozes. Ao enfrentar os interesses anglo-franceses sobre o Canal de #Suez, Nasser nacionalizou a mais importante hidrovia do mundo, que ficava em seu território, e fechou o estreito de Tirana para a passagem de embarcações israelenses. Em conluio com os interesses anglo-franceses, que ainda pretendiam poderes sobre continente africano terceiro-mundista, e à revelia dos EUA e URSS, Israel avançou sobre o Egito para controlar o Canal, e conseguiu. É nesse momento que o Brasil entra.
.
A jovem ONU exigiu a retirada das forças israelenses do Canal, com a permissão de circulação de seus navios pelo Egito. Nada disso é fácil, ou rápido, e a população civil fica no fogo cruzado. Assim, ONU lançou as Forças de Emergência das Nações Unidas (UNEF), que levariam soldados e serviços para a manutenção da paz e proteção das resoluções internacionais. Usariam as boinas azuis das Nações Unidas em coalizão de 10 países neutros, sendo o Brasil um deles.
.
Os brasileiros ficaram responsáveis pela proteção da fronteira sul de Gaza, um território em faixa que estava ocupado por árabes, de maioria islâmica (embora houvesse cristãos em baixo número), com controle egípcio, pretensão independente sob Palestina, e ameaçada pelo front israelense. Ao sul, em #Rafah, precisavam afastar incursões indevidas de israelenses além da linha divisória do armistício de 1949. Como o exército envolvido era o do Egito (não havia Hamas, OLP ou ANP ainda), a população de Gaza era basicamente civil, principalmente ligados à criação animal e tecidos. O dia a dia tranquilo permitia ao batalhão fazer churrascos em alguns domingos, campeonatos de futebol, mergulhos na praia, e até uma salinha de cinema existia para matar a saudade de casa.
A tropa se renovava a cada seis meses, e os militares ficavam por, pelo menos, 1 anos de serviço. Lá ficaram de 1957 a 1967. A missão pacífica passava por turbulências pontuais, mas terminou com o avanço da Guerra dos Seis Dias, em 1967, Nasser sabia que teria que se defender, e encerrou a Missão de Paz da ONU. As tropas brasileiras foram transportadas com o avanço israelense em seu encalço, e 1 cabo brasileiro foi assassinado. Se tornou a única baixa brasileira dos anos de serviço no Egito, mas não em Suez, e sim na Faixa de Gaza que ocupava. Em 1967, Israel passou a ocupar a Faixa de Gaza. Ao longo dos anos, assentou famílias israelenses, de origem judaicam, dentro e fora de Gaza, formando bairros de privilégios em zonas de exclusão. Verdadeiros enclaves visto dos satélites. A Faixa de Gaza se radicalizou, o Hamas saiu de alternativa jovem às ameaças da OLP a principal ameaça terrorista de Israel. Anos anos 2000, Israel retirou os judeus da Faixa de Gaza, mas manteve os que estavam suas imediações, em área ocupada lá em 1949. Em 2023, os terroristas do Hamas mataram 1.200 israelenses dessas zonas vizinhas a Gaza. Em resposta, Israel desrespeita sistematicamente os Direitos Humanos mais básicos do povo palestino da Faixa de Gaza, impondo uma punição coletiva a todos com o fundo de "guerra justa contra o Hamas". As crianças são especialmente assassinadas pelo Genocídio israelense que irrompeu 2024 com a inércia das resoluções vetadas pelos EUA no Conselho de Segurança da ONU. As UNEF ganharam o Nobel da #Paz em 1988.