MILLÔR FERNANDES E SUA UNIVERSIDADE DO MEYER
"Feliz é o que você vai perceber que era, algum tempo depois".
Millôr Fernandes é desses que lemos embaixo de frases ditas inteligentes. Foi assim que conheci o "Guru do Méier" quando "era feliz", de acordo com a citação acima. Basta ver a "Retrospectiva 2004" no YouTube pra ver que a frase tá certa...
Millôr nasceu Milton, e a história da conversão de nome é conhecida. A certidão manuscrita fazia o "t" parecer um "l" com acento circunflexo sobre o "o" , e o "n" se passava facilmente por "r". Mas a pronúncia Millôr só veio com 18 anos. O, então Milton, começou sua vida num casarão assobradado na rua Isolina, 59 (hoje é o 65) em 1923, apesar de ter sido registrado só em 1924. Seu pai faleceu quando tinha 1 ano de idade, e sua mãe passou a alugar parte da casa, enquanto costurava sem parar, pra dar conta de tudo.
Do alto das ladeiras do Meyer, Millôr começou a ler o mundo. Da escola em que estudou de 1930 a 35, começou a entendê-lo. Das redações dos jornais, começou a ironizá-lo. A Escola Ennes de Souza ficava na rua Joaquim Meyer, esquina com Moreira Sampaio, e no mesmo quarteirão de sua casa. Era uma das referências do bairro, principalmente pela figura de sua mais célebre professora, Isabel Pereira Mendes (foto3). Hoje é o nome da escola! Isabel Mendes era uma mulher preta, "magra e baixa", e dona de uma grande aptidão para ensinar. Se tornou, depois, Diretora até 1955. O pedagogo Paschoal Lemme, aluno da escola nos anos 1920, também cita a Profª Isabel como grande referência docente suas memórias.
Nesaa escola ele conheceu tudo que precisou no futuro: o prazer em aprender. Começou a trabalhar em jornais aos 13 anos, e dali exerceu todos os postos imagináveis. Anos depois, proclamou seu antigo colégio como "Universidade do Meyer", sua única formação acadêmica. Em 1959, se tornou um programa de TV na mineira Itacolomi, onde ele comentava enquanto desenhava sobre o assunto. Foi jornalista, tradutor, escritor, teatrólogo e "irritante". Entre o genial e o genioso, marcou época!
Foi pra Ipanema quando era pacata, e popularizou o "frescobol". Morreu em 2012 rindo de si, do mundo e de seu lar, o #Méier