O PUNK NA DANCY MEIER
.
Alguns bairros cariocas alcançaram pontos centrais nas redes geográficas da história dos gêneros musicais. Vila Isabel, Madureira, Ipanema, Saúde, Estácio... O Méier teve seu lugar especial no samba de João, a gafieira de Jamelão, o charme do DJ Corello. No início dos anos 80, foi ponto difusor do manifesto punk pelo Rio de Janeiro.
.
Quando a década ainda estava sendo perdida na falência da marcha forçada do autoritarismo político, o movimento punk britânico das ruas de Camdem Town chegou aos ouvidos dos jovens que nasceram em uma ex-capital, nas periferias já pouco industriais. Discos e revistas, ideia e estética. Entre as pistas de skate de Campo Grande - inaugurada em 1978 - e o centro metropolitano do Rio, a linha do trem, o Méier! Aqui morava Tatu, vocalista da banda Coquetel Molotov, campeão do skate de Campo Grande. Quando os punks cariocas buscaram liberdade de São Paulo, o 2° andar da Av. Amaro Cavalcanti 125 foi alugado para uma temporada de shows entre 1982 e 83, com as principais bandas da cena punk: Dancy Méier Club, que aparece na famosa foto 2. Descarga Suburbana e Eutanásia também foram nomes de ritmo agressivo porém atrativos, vendendo fanzines e despertando olhares curiosos dos populares tipos da estação ferroviária, estrategicamente defronte.
.
O baixista Omar, guitarrista César, baterista Lúcio Flávio (foto5), e o vocal Tatu, apesar de seu "ódio a TV", foram os mais midiáticos. Participaram também de um documentário em 1983, de João Carlos Rodrigues, chamado "Punk Molotov". As cenas iniciais mostram a fachada do Dancy Méier, e tem várias passagens de shows e "pogos" dentro dos 33min totais. O início esta na foto10 do post.
.
Em 1 dia por semana, os (preparados) ouvidos estiveram voltados para a decadente estação do Méier, um subcentro comercial fazendo papel de subúrbio operário na anarquia urbana dos 80. O importante livro de Janice Caiafa sobre o punk, em 1985, descreve minuciosamente a noite desse rock no Dancy.
.
Anos mais tarde, o prédio do Dancy foi demolido para a construção da rampa da estação, na reforma da passarela do Salgado Filho. E o #punk virou nota pesada na composição musical da #história do #Méier