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A LIBERDADE FEMININA NO PRMAVERA AC DE PILARES - Parte I
No dicionário a palavra "lenda" é definida como "narrativa de caráter maravilhoso em que um fato histórico se amplifica e transforma sob o efeito da imaginação popular". Um clube de Pilares teve um papel fundamental no imaginário nacional sobre o futebol feminino e seu fechamento arbitrário o transformou em lenda!
Enquanto a participação festiva de mulheres no futebol se tornava comum na virada dos anos 20/30, os clubes suburbanos abriam as portas à formação de times femininos, como o River e Engenho de Dentro, mas principalmente o Brasil Suburbano da Rua Sá, na Piedade. Preliminares cada vez mais atraentes ao público traziam jogos que davam o que falar, sempre recheadas de comparações ao masculino, mas tb acrescidas de adjetivos mais "graciosos". Entre 1939/40, uma rivalidade passou a imperar: o SC Brasileiro (Cascadura) x Casino do Realengo FC, com menção ao Eva FC (Saúde) (foto 1). Os dois primeiros fizeram uma partida de grande sucesso de público no Pacaembu em 1940. Esse fato tanto mostrou o poder da modalidade, quanto chamou a atenção dos agentes de retrocesso do Estado Novo, preocupados em cultivar uma imagem "imaculada" da mulher brasileira.
4 jogadoras do Brasileiro fundaram o Primavera AC (fotos 3 a 6), na rua Gaspar 45 (fotos 7 e 8). Com o treinamento da mentora Carlota Alves de Rezende, o time teve um início avassalador com 15 vitórias em 17 jogos. Com isso veio o convite para excursionarem na América do Sul, de Buenos Aires a Santiago. O movimento de arrecadação para a viagem suscitou em muitos jornais uma feroz campanha difamatória contra o time, levantando falsas suspeitas de envolvimento das jogadoras em boates de dança, tornando o esporte mera "fachada". Além disso, jornais divulgavam "especialistas" que apontavam malefícios do esporte atlético para o corpo feminino, legitimando o controle social de seus corpos.
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Mas sobre o fechamento do Primavera, teremos outro post!
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