CLUB ALLEMÃO DE GYMANSTICA EM TEMPOS DE NAZISMO NO BRASIL
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Os anos 30 foram determinantes na história brasileira, e até hoje seus fatos ecoam em nossos corredores da memória. É semana dum bicentenário da Independência brasileira esvaziado pela insensibilidade real no falso discurso de "Deus, Pátria e Família", que não é nada novo por aqui... O Núcleo do Meyer da Ação Integralista Brasileira era ativo e bradava a trindade conservadora, fosse na sua sede da Aristides Caire, ou no campo de sports da Magalhães Couto. Os esportes atléticos cumpriam função de saúde e imagem de seus integrantes. Não longe dali, funcionava um club de desportos onde a bandeira nacional não entrava, pois era da comunidade germânica suburbana, e existia desde 1909.
O Deutscher Turn-und Sportverein (DTS), ou só "Club Allemão", se relacionava com o Clube Germânia do Leblon e ambos estavam frequentemente presente nas competições cariocas, sobretudo no atletismo. Os jogos aconteciam nos campos da cidade, como os estádios das Laranjeiras (fotos3e4) e São Januário (6). Treinos e competições "em casa" traziam o movimento na sede própria da rua Aquidabã, 88 (hoje é 320). O clube recebeu muitos dos imigrantes fugidos da crise econômica na República de Weimar, e vieram também influências, como a introdução do handball no país.
Mas em 1933 os ventos anunciaram a tempestade que só aumentou nos anos seguintes: o nazismo virou ideologia de Estado na Alemanha. Independente do juízo individual, o clube era interlocutor do diálogo germânico com o Brasil, e passou a reproduzir - também pelo esporte - os leroleros de superioridade racial cada vez que um novo ministro nazista visitava o clube. A festa do Dia da Alemanha em 1° de maio de 1935 recebeu 2 MIL pessoas assistindo aos jogos e marchas, saudando a suástica nas bandeiras e braços fardados de Hitler espalhados pelo endereço do Lins.
Com a entrada do Brasil na Guerra, as suspeitas de espionagem nazista através do clube embasou a expropriação do imóvel. Depois de depenado dos símbolos nazistas, foi usado como escola de Ed. Física do Exército, formação de escoteiros, e Centro de Reabilitação da FEB após o conflito.