Central AC e Adélia FC

CENTRAL A.C. E ADÉLIA F.C.

.

A menos de uma semana da Copa do Mundo quase natalina e pós eleitoral, sempre virão teses e discussões sobre as raízes do futebol brasileiro, venha o Hexa ou não. Aqueles mais saudosistas lembrarão dos tempos em que os subúrbios ainda tinham terrenos vazios usados como campos dos times de bairro. A moda retrô vem ajudando a resgatar histórias que recuperem alguns vínculos de identidade entre moradores e o esporte mais popular do país em seus próprios territórios. Ingressos caros e transmissões descentralizadas podem afastar torcedores do contato com seus times, e a história local pode nos reaproximar diretamente com o próprio esporte. E por isso hoje veremos os "Ferroviários" do Central e os "Carijós" do Adélia, que tiveram campos importantíssimos para o futebol suburbano.

.

O Central Athletico Club foi fundado por funcionários da Linha Férrea em 1917, com primeira sede na rua Arquias Cordeiro, e participou de alguns campeonatos locais até ser fechado. Refundado em 1927, estabeleceu campo na Rua Adriano 107 (depois 153), usado também pelo Mackenzie, Engenho de Dentro e Metropolitano. "Craques", como Gallego, chegaram a jogar a Segundona Carioca entre 31 e 37, quando o alviverde de Todos os Santos encerrou de vez as atividades do futebol. Antes disso, chegou a ter uma boa rivalidade com o Adélia Football Club, fundado em 1928 na rua Adélia, hoje rua Sales Guimarães.

.

Os alvinegros do Engenho de Dentro herdaram alguns jogadores (e torcedores) do fechamento do Central, como o artilheiro Gradim, e mantiveram os resultados medíocres na segundona da Liga Carioca de Futebol nos anos 30, quando o rival Engenho de Dentro AC conquistou o título em 35. O EDAC fez, e o Adélia usou, um "elegante" estádio na rua Henrique Scheid, que até os anos 2000 ainda servia na categoria "várzea suburbana", mas também foi cedido à verticalização. Na inauguração em 1946, o Vasco fez 4 a 2 no Flamengo para o maior público que aquelas tímidas arquibancadas receberam.

.

Mario Calderaro, ex-atacante e aclamado Pres. da promissora Federação Athletica Suburbana, faleceu depois do gol de seu EDAC neste estádio em 1940.