OFFICINAS DO ENGENHO DE DENTRO
A construção e extensão constante de uma nova ferrovia exige que sejam feitos investimentos consideráveis em estruturas de manutenção e produção nacional de materiais antes importados, principalmente dos EUA. Em 1869 parte das terras da Fazenda do Engenho de Dentro, de propriedade do casal Dr. Padilha e D. Thereza, foi comprada para a instalação do que seria a melhor "officina" ferroviária da América Latina, que já operava em 1871, e até 1873 a "estação" só funcionava para a operação da oficina, já que a ocupação do entorno ainda era parca, como se vê na primeira foto.
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As publicações na Revista de Engenharia no século XIX dão conta das inovações que a officina representava (foto 2), sendo sempre buscada por visitantes ilustres que atestavam a capacidade produtiva do "Brazil". Já existia uma oficina mais antiga, no Saco de São Diogo (atual Francisco Bicalho), mas a filial suburbana já adentrava no séc. XX com qualidade de matriz. A visita do Imperador Pedro II, pessoalmente interessado pelo tema, foi destacada pela revista em 1885 (foto 4). O colégio citado no final era chamado de "Escola de Aprendizes" e tinha aulas específicas de geometria e desenho técnico, quase uma experiência do ensino profissionalizante que só seria institucionalizado no Brasil mais tarde. Infelizmente, notícias da decade 1910 questionam o baixo número de alunos realmente filhos de ferroviários, como se dizia ser a intenção da escola.
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O mapa da foto 5, disponibilizado pela página "Mobilidade Fluminense", mostra a conexão que Officina tinha com as linhas Auxiliar e Rio do Ouro, que se conectavam por trilhos que não existem mais ali na altura da José do Reis e Henrique Scheid, embora seja possível ver seu desenho e pontes hoje ocupados por moradia e vias expressas.
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Hoja e antiga fachada está restaurada e o museu é pequeno, mas muito interessante. As oficinas chegaram antes, e a parada era utilizada exclusivamente para cargas e trabalhadores do empreendimento desde o início das operações em 1870. Em 1873 foi criada a estação do Engenho de Dentro, cuja distância reduzida entre Todos os Santos e Encantado, criadas nos anos seguintes, demonstra o rápido adensamento dessa parte do subúrbio. Atenção às fotos:
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6ª foto, do grande Augusto Malta, tem localização comumente atribuída à rua Lia Barbosa em páginas de memória, mas a posição comprova que ela é a rua do fundo! A foto foi tirada na visão da rua José dos Reis, esquina com Archias Cordeiro (antiga Rua D. Pedro II).
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7ª foto de acidente ferroviário em 1926 na estação, com o apontamento do prédio da atual colchoaria lisboeta ao fundo. A foto seguinte mostra os detalhes arquitetônicos muito característicos.
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8ª, 9ª e 10ª fotos: estação nos anos de 1910, 1911 e 1910 (sendo essa no vuco vuco do carnaval) respectivamente.
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a foto 11 (1930) já mostra construção da cobertura no estilo inglês que observamos nela atualmente.